As Causas do Transtorno do Espectro Autista

As Causas do Transtorno do Espectro Autista

O termo autismo é amplamente usado ao se referir ao transtorno global do desenvolvimento (TGD) ou o transtorno do espectro autista (TEA), mas não para designar especificamente o transtorno autista descrito no DSM e na CID. O campo envolvido pelo termo acopla uma variedade de gravidade.

Os seus sintomas geralmente aparecem no início da infância, mas eles podem não se manifestar até o momento em que as demandas sociais excedam o limite de suas capacidades. Em geral, se manifestando nos primeiros anos de vida, as crianças com aproximadamente 3 anos de idade já podem ser diagnosticadas. 

Perspectiva Histórica

A nomenclatura autismo foi designada por Bleuler para qualificar os sintomas negativos e a alienação social dos indivíduos que sofriam de esquizofrenia, sendo empregado por Kanner (Kanner, 1943) e Asperger (Frith, 1991), entre 1943 e 1944, ao caracterizar crianças com limitações no desenvolvimento e uma característica peculiar de profundo déficit de relacionamento interpessoal. 

No entanto, somente após quase quatro décadas é que o autismo foi listado no DSM- Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Em sua 3ª edição (DSM-III), a expressão "transtorno global do desenvolvimento" cunhou uma classe de transtornos definidos pelo comportamento cujos sintomas são similares ao autismo clássico especificado por Kanner, o transtorno autista, isso tanto no DSM quanto na Classificação internacional de transtornos mentais e do comportamento (CID-10). 

Por aproximadamente 25 anos foram executados significativos números de estudos visando qualificar a descrição dos comportamentos que simbolizam os indivíduos afetados e apurar as causas e fisiopatologia neurológica das manifestações comportamentais do autismo.

Quais as causas?

Para essa pergunta não há uma resposta definitiva. Da mesma forma que cada indivíduo portador do autismo é singular, as possíveis causas da desarmonia neurológica também o são, podendo ter de uma a múltiplas associações. Segundo a docente de embriologia e genética da USP, Patrícia Beltrão Braga, há vários fatores genéticos influenciando, sendo uma carga hereditária ou mutações novas. Também há as que vinculam a interferência do ambiente, desde uma infecção a um remédio tomado pela mãe.

A Escola de Medicina Mount Sinai, de Nova York, divulgou em 2010 a pesquisa intitulada "O que causa o autismo? Explorando a contribuição ambiental" que listava agentes que, em interação com a mãe durante a gravidez, causaria TEA no feto em formação. Eram eles:

- Talidomida = Medicamento utilizado no tratamento de doenças (câncer, lúpus, tuberculose, entre outras).
- Misoprostol = Remédio para combater a úlcera.
- Ácido valpróico =  Anticonvulsivantes e estabilizador de humor, muito usado no tratamento de epilepsia, convulsões, transtorno bipolar e enxaqueca.
- Infecção por rubéola e clorpirifós (inseticida usado para controlar vários insetos praga).

Demais fatores ambientais podem influenciar nas causas do autismo. Porém, o grande questionamento é verificar a culpabilidade desses agentes, isso é, se precisam ou não estarem conectados a princípios genéticos ou biológicos. 
O Instituto de Biociências da USP, por exemplo, possui uma outra linha de investigação. A professora Beltrão Braga salienta que eles conseguiram enxergar uma relação causal entre a neuroinflamação e o autismo. Por meio da análise dentária, mais especificamente dos dentes de leite de crianças autistas (portadores do autismo clássico), os cientistas constataram a inflamação dos astrócitos (células presentes no cérebro), provocando um desequilíbrio no sistema imune e causando prejuízo ao desenvolvimento dos neurônios, que acabavam ficando menos ativos e acarretando no autismo.

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