Clínica lacaniana da psicose

Clínica lacaniana da psicose

A retirada do índice negativo da psicose une o percurso de Lacan dos anos 1930, em que sua abordagem encontra eco no meio surrealista, à inversão ocorrida nos anos 1970, quando propõe a foraclusão generalizada como modelo do núcleo real de todo sistema, servindo-lhe a topologia do nó borromeano para reformular o conceito de estrutura. 

Quando abandona a clínica mecanicista, privilegiando a abordagem não deficitária da psicose, enfatizando a clínica universal do delírio, Lacan visaria a uma prática da psicanálise sem a ficção dos universais conforme o último ensino em que a universalização do significante é o que a singularidade de um sujeito seja circunscrita na fala. 

A clínica lacaniana da psicose contribui igualmente para o tema do fim de análise, e a psicose ordinária veio relançar através de uma das soluções assinaladas por Jacques-Alain Miller: a psicose em análise. Às questões "como enlaçar o simbólico, caracterizado pelo efeito de sentido, como o real sem sentido?" e "como enfocar a disjunção radical entre o real como impossível e o sentido?", Lacan responde que "o efeito de sentido a ser exigido do discurso analítico não é imaginário ou simbólico; é preciso, portanto, que seja real". 

Falar de praxis lacaniana do passe deve necessariamente incluir o ultrapasse, tal como foi nomeado por Miller. Isso está relacionado ao acontecimento de corpo: é precisamente o gozo que se mantém para além da resolução do desejo. Os restos sintomáticos provenientes da assunção do interdito são da ordem da existência, diferentemente do desejo, que está no âmbito do ser. 

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